Todos sabemos da importância do
Xadrez Escolar para o desenvolvimento intelectual e humano das crianças. Mas há
casos onde a influência desse esporte transcende os limites educacionais e se
torna uma paixão, uma paixão que se torna a cada dia mais séria a ponto de
deixar de ser uma simples atividade e passar a ser parte integrante da vida de
cada um.
Esse parece ser o caso de dois
pernambucanos que encontraram no Xadrez Escolar uma fonte de motivação e uma
paixão para suas vidas. Vistos como maiores exemplos de sucesso do emprego
dessa atividade na infância, Marco Antônio Sena C. de Araújo e Álvaro Cristiano
Miguelino de Souza, apesar da tenra idade, aos 14 e 12 anos, respectivamente, já
são considerados experientes atletas em torneios por categoria, e alguns das maiores
promessas do Xadrez nacional.
Essa afirmação poderia ser
considerada tendenciosa, mas é apoiada por fatos irrefutáveis. Há pouco mais de
uma semana, de 2 a 4 de Outubro mais especificamente, Marco Antônio e Álvaro
Cristiano foram os representantes pernambucanos no Campeonato Brasileiro Escolar
2015, na cidade mineira de São Sebastião do Paraíso. E mesmo contra adversários
do eixo Sul-Sudeste (regiões onde o esporte é mais difundido), Marco Antônio e
Álvaro Cristiano, os únicos representantes das regiões Norte-Nordeste,
obtiveram resultados de destaque no cenário nacional, ficando em 5° e 2°
respectivamente.
Em entrevistas exclusivas para a
Federação Pernambucana de Xadrez, os maiores contribuintes para as já premiadas
carreiras dos atletas, Adelma Nicodemos, mãe de Marco Antônio, e Cristiano
Afonso de Souza, revelaram um pouco da vida de seus filhos, e falaram da
experiência de participar de mais um torneio nacional, confira:
Nome: Marco Antônio Sena C. de Araújo
Principal incentivador: A mãe, Adelma Nicodemos
Naturalidade: Recife/Pernambuco
Escola: Aos 14 anos de idade, é aluno do 8° ano do Colégio Santa
Maria.
Técnico: MN Rafael Cabral, Armando Vasconcelos e MF Vinícius Tiné.
Principais conquistas no ano:
Campeão do FEPEC(Festival
Pernambucano da Criança) - Categoria Sub- 14;
Campeão do FEPEJ (Festival
Pernambucano da Juventude) - Categoria Sub-16;
Melhor Sub-18 do NORDESTAO Gov.
MIGUEL ARRAES;
Campeão das etapas Regional e
Estadual dos JEPS (Jogos Escolares de Pernambuco) - Categoria Mirim;
Tendo feito parte da equipe
sub-18 campeã (IPFE - HGP) no Campeonato Pernambuco por equipes, onde jogou no
tabuleiro 2 fazendo 4.0 pontos em 5 jogos.
Entrevista de Adelma Nicodemos (Mãe de Marco Antônio) à FPEX:
FPEX: Antes de mais nada parabéns pelo desempenho do Marco Antônio
no torneio. Como você avalia a participação do Marco Antônio no Brasileiro
Escolar desse ano?
Adelma Nicodemos: Foi uma competição de alto nível e de embates
muito competitivos, na última rodada, os jogadores das duas primeiras mesas
tinham a possibilidade de ser campeões, com 4.0 pontos. Para Marco Antônio ser
campeão teria que vencer a sua partida e contar com o empate à mesa 2. Aí, não
aconteceu o tão desejado empate e como o jogo de Marco estava totalmente
empatado a ele só restava tentar ganhar no Blitz nos 5 min finais. Como o tempo
era de 1:05 nocaute para cada jogador, entrou no blitz para o tudo ou nada, se vencesse
seria vice-campeão poe não tinha dado empate na mesa 2 e mesmo ficando com a
mesma pontuação de Álvaro perderia nos critérios. Aí foi para o tudo ou nada
nos 5 min e estando ele numa posição que requeria pensar mais, seu tempo caiu.
Terminando a competição com 4.0 pontos (3 vitórias, 2 empates e 1 derrota). O
campeão foi Ricardo Teshima de SP.
FPEX: Apenas dois jogadores representaram a Região Nordeste nesse
torneio, o Marco Antônio e Álvaro Cristiano. Como foi a preparação do Marco
Antônio para essa competição?
Adelma Nicodemos: Marco na realidade não faz uma preparação
direcionada para um torneio específico. Na verdade entre as inúmeras atividades
que ele tem no dia a dia ele encaixa o Xadrez. Treina e joga Xadrez
simplesmente porque gosta, não tem nenhuma pretensão de ser profissional do
Xadrez. Com isso, dentro do possível, mantém a regularidade de 6h de aula de
Xadrez por semana. O que ele joga hoje deve muito a Armando Vasconcelos,
professor de Xadrez do Colégio Santa Maria, com o qual treina desde os 9 anos
anos de idade e tem um jogo muito sólido, que hoje é uma característica
dominante em Marco. De julho do ano passado pra cá passou a ter aulas com
Rafael Cabral que a meu ver desenvolveu o lado de arriscar mais nas partidas.
Passou a jogar bem também o jogo rápido. Final do ano passado começou também a ter
aulas com Vinicius Tiné, o qual escuta sem maiores contestações e que tem muito
o que passar para Marco.
Com isso ele ouve um, ouve outro
e forma seu jogo. Nestes 2 últimos anos evoluiu muito. Há 2 anos atras seu jogo
era inferior aos meninos da idade dele do sul/sudeste do país. Pela 1ª vez ele chegou num Brasileiro na última rodada
com chance de ser campeão. Chegaram os 4 jogadores empatados com 4 pontos.
FPEX: Qual foi a participação da escola (Colégio Santa Maria) nessa
conquista?
Adelma Nicodemos: O Colégio Santa Maria só tem aula de Xadrez até o
6 ano, como ele já é do 8 ano não tem mais aula no Colégio. Treina com Armando,
mas é aula particular. A contribuição do Colégio vem do fato que se ele não
tivesse tido aula de Xadrez desde o 2 ano fundamental como grade curricular
talvez não tivesse desenvolvido o gosto pelo xadrez ou talvez nem soubesse
mexer as peças.
Dos 9 aos 12 anos ele só treinou
no colégio com Armando. Jogou 2 torneios no Colégio e foi campeão. Se empolgou
tanto que Armando levou ele para jogar seu 1 Nordestão com 11 anos de idade e
competição na qual obteve a sua 1ª vitória sobre um adulto. Até aí eu não sabia
da existência de torneios de categoria e muito menos tinha nada para jogar em
Recife a não ser 1 Nordestao por ano.
No Nordestão do ano seguinte
Carolina Alves do RN jogou com ele e falou: “Adelma, põe ele para jogar torneio
de categoria que ele vai longe.” Foi a partir daí que eu passei a pesquisar e
no ano seguinte, com 12 anos foi que ele jogou o 1º Brasileiro Escolar e como
já citei anteriormente é que vi a necessidade de um treinamento diferenciado. A
partir daí a evolução é notada por todos. O pessoal de SP falou que Marco tá
jogando muito bem, perguntam com quem ele treina. O Campeão do Brasileiro deste
ano falou para a mãe dele que a partida com Marco tinha sido a mais dura e
difícil que tinha jogado. Tanto é que a partida estava empatada, Marco tentou
ganhar e se tivesse ganho teria sido vice campeão.
FPEX: Quais as perspectivas de torneio para o futuro?
Adelma Nicodemos: Agora é dar continuidade aos estudos. Tendo como
próximas competições os classificatórios do Pernambuco, o Sulamericano da
juventude( categoria sub-14) na Bolívia de
2 a 7/12 e o Panamericano Amador (rating até 1999) em Curitiba/PR de 15 a
20/12. E 2016 se as coisas derem certo, é começando o ano com o Floripa Chess.
FPEX: A Federação Pernambucana de Xadrez agradece a sua
contribuição e deseja sucesso na carreira de seu filho, que por muito anos o
Marco Antônio possa defender da mesma maneira brilhante o xadrez do nosso
estado.
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Nome: Álvaro Cristiano Miguelino de Souza
Principal incentivador: O pai, Cristiano Afonso de Souza
Naturalidade: Petrolina/Pernambuco
Escola: Aos 12 anos de idade, é aluno do 8° ano do Colégio Plenus.
Técnicos: Emídio José Santana e IM Renato Quintiliano
Principais conquistas:
Campeão Brasileiro Escolar em
2008, no 1 ano fundamental I em Poços de Caldas-MG;
Campeão Brasileiro Fenac 2009 em Londrina
-PR, no Sub 08;
Campeão Brasileiro Escolar em
2009, no 2 ano fundamental I em Araxá-MG;
Campeão Brasileiro Escolar em
2010, no 3 ano fundamental I em Poços de caldas- MG;
Campeão Brasileiro Fenac em 2010
, no Sub 10 em Catanduva-SP;
Campeão Brasileiro Escolar em
2012, no 5 ano fundamental I em Juiz de Fora- MG;
Campeonato Panamericano em 2009,
7 lugar no Sub 08, em Mar Del Plata-Argentina;
Campeonato Panamericano em 2010
em Bento Gonçalves- RS, 3 colocado no Sub 08;
Campeonato Sulamericano em 2010,
3 colocado no sub 08 em Sucre-Bolívia.
Entrevista de Cristiano Afonso de Souza (Pai de Álvaro Cristiano) à
FPEX, com participação direta do atleta:
FPEX: Primeiramente parabéns por mais essa conquista do Álvaro e
pela forma como ele vem representando o xadrez escolar de Pernambuco ao longo
dos anos. Álvaro, sua dedicação ao xadrez não atrapalha no seu rendimento
escolar? Como você consegue conciliar as duas coisas?
Cristiano Afonso de Souza: É uma criança normal, brinca de cartas,
joga bola, coleciona Manguás e torce para o Fluminense. Ele estuda no 8º ano do Colégio Plenus, quer fazer Engenharia,
só não escolheu ainda o ramo de atuação. No Colégio sua média anual oscila de
9,4 a 9,6.
Álvaro Cristiano: Não, estudo diariamente, sendo um dos melhores do
meu colégio. Jogando e estudando muito. O Xadrez é uma parte da minha vida,
onde nele estou determinado á vencer.
FPEX: Seus estudos são regulares? Quanto tempo você passa estudando
xadrez?
Álvaro Cristiano: Duas horas por dia.
FPEX: Ainda sobra tempo para outras atividades? O que costuma fazer
quando não está na escola nem estudando xadrez?
Álvaro Cristiano: Jogando bola, brincando de cartas, assistindo o
meu Fluminense-RJ, lendo livros, lendo manguás e estudando.
FPEX: Quem é seu maior incentivador no esporte e o que pretende do
futuro como jogador de xadrez?
Álvaro Cristiano: O meu Pai Cristiano, ele não mede esforços para
conseguimos participar das competições no Brasil e às Vezes fora do Brasil. E
meus principais objetivos são ser Campeão Pan-americano, Sul americano e ser um
GM.
FPEX: Qual a maior dificuldade que você encontra no Xadrez?
Álvaro Cristiano: A maior dificuldade que encontro é falta de
patrocínio, eu sou conto com “paitrocinador” e com ajuda do meu Colégio que é
pouco, pois meus adversários fazem intercâmbio e com muitas horas de aulas com
GMs e com os treinadores mais renomados do Brasil, e um grande poder econômico.
FPEX: Como você avalia a sua participação no último Brasileiro
Escolar?
Álvaro Cristiano: Fui o vice Campeão do torneio, terminado empatado
com o campeão, mostrei mais uma vez meu talento, disputando de igual para igual
com todos os adversários e mostrando a força do xadrez do Nordeste, diante de
muitos adversários do Sul e Sudeste. Com esse troféu, cheguei ao meu sétimo
troféu em sete competições, sendo: 4 como campeão, 2 como vice e 1 como
Terceiro colocado. Isso é um grande desempenho e um orgulho para mim, meus
pais, meus treinadores, meus colegas e meu colégio e para todos que torcem por
mim.
FPEX: Qual a próxima competição que você tem em mente?
Álvaro Cristiano: Gostaria de participar do SULAMERICANO em Santa
Cruz na Bolívia que vai acontecer em Dezembro, só que falta patrocínio.
FPEX: Que conselho você daria a uma criança que quer se dedicar ao
esporte? Alguma mensagem ou agradecimento final?
Álvaro Cristiano: Procurar se dedicar e treinar muito para chegar à
perfeição, pois é um jogo que tem muitas estratégias. Agradeço primeiramente a
Deus. A meu Pai, o meu maior incentivador, a irmã Clara Cristiane, minha fonte
de inspiração, aos meus técnicos, o Emídio Santana de Petrolina e Renato
Quintiliano de São Paulo.
FPEX: A Federação Pernambucana de Xadrez agradece a honra da
entrevista e continuará na torcida para que continue nos representando tão bem
e para que conseguir realizar todos os seus objetivos. Nosso muito obrigado.